domingo, 6 de fevereiro de 2011

Kaká exclusivo: dez anos de carreira, e o momento mais difícil no futebol


Em entrevista ao 'Esporte Espetacular', craque do Real Madrid volta aos campos após seis meses parado, mas ainda tenta recuperar a confiança Kaká completou nesta semana dez anos como jogador de futebol profissional - um motivo mais do que justo para festejar. No entanto, o meia do Real Madrid está preocupado e tenta recuperar o bom futebol que o levou à Seleção Brasileira e lhe rendeu o título de melhor jogador do mundo em 2007. Depois da eliminação na Copa do Mundo 2010 e há seis meses parado por conta de uma cirurgia no joelho, o jogador voltou a vestir a camisa do time merengue, mas não recuperou a confiança.

Em Madri, na Espanha, Kaká recebeu o repórter Pedro Bassan para uma entrevista exclusiva ao "Esporte Espetacular". Ele abriu o coração e não fugiu das perguntas. Relembrou o início da carreira no São Paulo, falou sobre o atual momento que passa no futebol e já pensa no futuro. O brasileiro reconheceu que não precisa recuperar apenas a parte física, mas também o pisicológico.

A torcida do Real Madrid cobra boas atuações do terceiro jogador mais caro de todos os tempos, e o técnico José Mourinho também. Kaká sabe que precisa corresponder em campo às necessidades do treinador, para, aí sim, ganhar uma vaga definitiva no time merengue.


Quando olha para a frente, Kaká só pensa em voltar a vestir a camisa amarelinha. Segundo ele, o comandante Mano Menezes deixou as portas abertas para o retorno. Voltar ao Brasil antes de 2014 não está nos planos do jogador, apenas para jogar a próxima Copa do Mundo.

Quando olha para trás, a lembrança do primeiro jogo como profissional, no dia 1º de fevereiro de 2001, pelo Torneio Rio-São Paulo, no empate em 1 a 1 entre São Paulo e Botafogo. No mesmo torneio e contra o mesmo Botafogo, Kaká virou herói ao marcar dois gols na decisão.

Se dentro de campo as coisas não estão muito boas, fora é só alegria. Kaká está esperando o nascimento da filha, que fará companhia ao primogênito Luca. O nome da menina ainda não está decidido, mas opções não faltam: Júlia, Natalie, Isabela, Sofia...

Confira trechos da entrevista:


Como foi sua estreia no futebol?
"São dez anos de carreira profissional. No dia 1º de fevereiro eu estava estreando no São Paulo, num jogo do Torneio Rio-São Paulo. Muitas pessoas acham que foi no jogo da final contra o Botafogo que eu fiz os dois gols, mas não foi. Minha estreia foi na fase de grupos, 1 a 1 no Morumbi com o Botafogo. O França fez o gol do São Paulo."

Você esperava chegar onde chegou?
"Sinceramente, não. Naquela época, os meus sonhos eram ser jogador profissional pelo São Paulo e, se possível, jogar com a Seleção Brasileira uma vez."

Qual é o seu grande desafio?
"Hoje, meu grande desafio é conseguir ter bons resultados no Real Madrid . Estou voltando de lesão, de um período muito difícil para mim. Acho que minha lesão não é só uma lesão física, passa por uma lesão psicológica também. Será que vai dar certo, será que eu vou voltar, em que condições, quando eu vou voltar? Essas dúvidas todas precisam ser bem trabalhadas."

Quais são os obstáculos?
"Eu quero mudar meu pensamento, deixar de ser um pouco mais pessimista, deixar de ter um pouco mais de medo, acreditar, ter fé de que Deus me trouxe até aqui, de que tudo o que aconteceu na minha carreira nesses dez anos foram coisas maravilhosas que não vão parar agora, vão continuar acontecendo e que eu preciso ter um pouco de paciência. Mas sei que no futebol ninguém tem paciência, as coisas tem que acontecer muito rápido."

Você já está recuperado da cirurgia no joelho?
"Não. 100% ainda não. Já não sinto as dores. Agora estou buscando a forma física. Não em questão de reabilitação, mas em questão de ritmo de jogo, velocidade, habilidade, todas essas coisas que eu sinto que ainda me faz falta. Junto com isso, toda essa parte de confiança. Acho que o principal é a confiança. Sem isso, você não tem a mesma coragem, as mesmas motivações de quando você está confiante."

Como é sua relação com o Mourinho, técnico do Real?
"Ele tem me ajudado muito, muito mesmo. Desde o período em que eu estava machucado, ele sempre me incentivou e ajudou. Saíam especulações de que eu estava saindo do clube. Ele falou: isso não vem da gente, a gente não tem interesse, quero que você fique. Mas claro, o treinador confia no jogador que resolve os problemas dele. E eu ainda não cheguei a esse ponto com o Mourinho por causa das minhas condições. Não por ele não estar dando oportunidade, ele tem me colocado para jogar, mas infelizmente eu não tenho rendido aquilo que eu e ele gostaríamos. O relacionamento com ele e com a comissão técnica é excelente."

E a volta à Seleção Brasileira?
"Um passo de cada vez. Claro que eu quero voltar à Seleção, tenho muita vontade. Faz falta o vestiário, os amigos, as brincadeiras... Mas quero ter primeiro bons resultados no Real, me sentir bem, confiante para voltar e ter bons rendimentos na Seleção. Não quero simplesmente voltar. Quero voltar e ter mais quatro anos ou quanto tempo ainda tiver para continuar fazendo história na Seleção."

Como foi sua conversa com Mano Menezes?
"Ele deixou as portas abertas. Disse: eu queria contar com você no momento que você estiver bem. Eu falei para ele que com o maior prazer, no momento em que ele achar que eu sou merecedor, vou estar à disposição."

O que ficou da Copa do Mundo da África do Sul?
"Sinceramente, foi um segundo tempo ruim que fizemos contra a Holanda. Só isso. Acho que a Seleção foi muito bem, com bons jogos, e o primeiro tempo contra a Holanda foi muito bom também. Mas em pequenos detalhes você ganha ou perde um jogo e fica marcado na história. Você vai ser criticado do mesmo jeito: se for tudo aberto vai ser criticado porque foi tudo aberto. Se for tudo fechado vai ser criticado porque foi tudo fechado."

Pensa em voltar a jogar no Brasil?
"Hoje não penso em voltar. Tenho mais quatro anos de contrato com o Real Madrid. Então, pretendo ficar mais um bom tempo. Hoje posso desejar boa sorte aos que estão voltando. Até mesmo o Rivaldo que foi para o São Paulo. Gaúcho, Ronaldo, Roberto, Liedson, Elano, todos esses que voltaram, boa sorte. Com certeza isso deixa o futebol brasileiro mais visível e mais competitivo."

Como está a vida em família?
"Família crescendo, esperando a menina que deve chegar em maio. Estou feliz com essa nova etapa familiar, mais um membro da família Leite chegando. Estamos curtindo essa gravidez. Queríamos uma meninas, mas um menino primeiro. Então foi perfeito. Temos uma lista de nomes, mas ainda estamos escolhendo. Tem Júlia, Natalie, Isabela, Sofia... Esses são os nomes que estão batendo aí. O Luca devia se chamar Pedro. Foi Pedro até os 45 minutos. Agora vamos ver o que a gente decide para essa menina."

O que mudou do Kaká de 2001 para o de 2011?
"Acho que o principal é a experiência e a maturidade. Se eu soubesse dez anos atrás o que eu sei hoje, acho que muitas coisas teriam saído de forma diferente."

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